Bom dia,
Caros Leitores,
Apesar de ter pouquíssimo tempo fora do horário de trabalho, desde há meses que investigo o Centenário da República.
O que mudou no país(?);
Quem foram as suas figuras(?);
Que ligações existem com a terra que me viu nascer e crescer - Gavião (?);
O que é que a minha terra conhece ou fez valer essa representação(?).
Antes de mais, gostaria de esclarece-los, que não acho que o mundo e a política em particular. sejam só a branco ou preto. O facto de ter havido um regicídio para que o nosso sistema político se alterasse, não faz com que eu me sinta na necessidade de o defender, ou não! A história é factual, e a verdade é que aconteceu desta forma. No campo das hipóteses preferia que houvesse uma mudança sem mortes.
No entanto, saliento que a democracia parlamentar já serviu mais os interesses do interior do país que hoje em dia, mas ainda assim, só assumo a democracia como único regime governativo possível.
Resultante da minha pesquisa, que aqui só esboçarei partes, verifiquei e ao contrário de outras câmaras, que a nossa não programou actividades antecipadamente para o todo o ano, aliás nem ousou tentar incutir na população, um melhor entendimento do que é o Centenário da República, mesmo numa perspectiva educacional, ou mesmo indicar quem de entre nós pertenceu à elite política revolucionária e anos posteriores.
Para exemplo, a Câmara Municipal de Castelo de Vide, por quem o Presidente de Gavião nos últimos dois meses viu especial interesse, em particular na associação de amigos de Castelo de Vide, pois na ausência de um plano próprio, tornou-se na sua base da promoção para o ilustre Mousinho da Silveira, como sendo este ilustre feito parte do período afecto ao Centenário da República, quando não o é na totalidade.
Estranho pois, que o Sr. Presidente de Gavião não tenha ainda visto o programa que o pelouro da Cultura de Castelo de Vide,tem em relação ao verdadeiro ao dossiê - O Centenário da República, e que se pauta por cinco (5) traves mestras de actuação:
Excertos:
"1- Cidadania -Ciclo de Conferências “O Ideário Republicano versus O Municipalismo Português”
Conferências ao longo de todo o ano!
- Dr. Mário Soares (5 de Abril de 2010);
- Professor Doutor Salvato Trigo (24 de Abril de 2010);
- Dr. Fernando Rosas (1 de Maio de 2010);
- Dr. António Bagão Félix (10 de Junho de 2010);
- Professor Doutor António Adriano Pires Ventura (25 de Setembro de 2010); e
- Professor Marcelo Rebelo de Sousa (2 de Outubro de 2010).
"2- Intervenção Urbanística
2.1. Pretende-se sublinhar e a recuperar a memória republicana “marcada” no espaço público, respectivamente na toponímia, assinalando deste modo as personalidades e acontecimentos da República evidenciados nas artérias dos aglomerados urbanos de Castelo de Vide e Póvoa e Meadas."
"3- Expressão Cultural
3.2. Visita guiada à Assembleia da República assistindo-se a um debate quinzenal em que esteja presente Sua Excelência o Sr. Primeiro Ministro (...)
3.5. Assinalar com placas alusivas os episódios relativos às pessoas ou acontecimentos de excepcional relevância da história política e cultural do concelho, onde desde logo a passagem do Dr. Vasco da Gama Fernandes, abrigado na Farmácia Freixedas, é uma referência a assinalar.
3.7. Seria pertinente que este ano, coincidentemente, fosse implementado o Regulamento das Distinções Honoríficas, de modo a valorizar todas as personalidades e Instituições de mérito que se destacaram ao longo do regime republicano, bem como elevando-se os valores de cidadania da sociedade democrática."
"4 - Educação
Neste sentido, o Município de Castelo de Vide pretende sensibilizar as gerações mais jovens para os acontecimentos históricos, ideais e valores que marcaram e representam a República Portuguesa. "
"5- Linha Gráfica da Autarquia
Durante o ano de 2010 o expediente oficial da autarquia terá como marca de água a imagem da Fonte do Montorinho, sita no Largo dos Mártires da República, acompanhada da legenda “Castelo de Vide vive o Centenário da República 1910-
2010”."
Enfim, a falta de vontade em ter realmente um programa cultural para a população é por demais evidente.
Se tivesse sido o PSD a estar na acção governativa, de certeza que teria sido diferente e ao contrário, ou seja, terian sido apresentadas iniciativas ousadas e transparentes a todo o executivo e à própria população!
O processo teria de tender necessariamente, para algo deste género:
![]()
E é obvio, que este processo teria sido executado no tempo certo e não quase a 15 dias do inicio de Outubro.
Em baixo, a titulo meramente figurativo eis uma proposta, que poderia ser decorrente da comissão nomeada pela C.M. Gavião, e posteriormente aprovada em reunião ordinária pelo executivo, concretizando uma pluralidade de eventos para uma verdadeira agenda de comemoração ao centenário da República em Gavião.
O loteamento do Calvário está em andamento, e não é altura de lamentar a sua opção.
Verificamos, porém que no projecto está previsto um jardim.
Porque não aproveitar este jardim, e erigir bustos em homenagem a três ilustres que representaram (e bem) o município de Gavião na alta esfera política, durante a 1ª República(?).
- Eusébio Leão
- José Pequito Rebelo
- Hipólito Raposo
![]()
Foi só, o responsável que leu a proclamação da República, no dia 5 de Outubro de 1910, na varanda dos Paços do Concelho de Lisboa!
Depois desta brutal honra, foi nomeado Governador Civil de Lisboa e viria a ser eleito deputado da Assembleia Nacional Constituinte pelo círculo de Portalegre. E por último foi, em Fevereiro de 1912 foi nomeado Ministro em Roma, mantendo-se nesse posto até Outubro de 1926.
![]()
Mas, e como eu disse inicialmente, a política não tem só duas tonalidades (branco e preto), por vezes há uma margem cinzenta, e aqui entram actores que não pertencendo ao movimento líder de uma determinada época, combateram ideologicamente de forma tão séria, e foram tão inovadores, que só lhes pode ser dado o devido valor ao analizarmos nós a sua história, ou seja, para lá do seu tempo presente.
É aqui, que entram duas figuras basilares do Integralismo Lusitano - HIPÓLITO RAPOSO E JOSÉ PEQUITO REBELO, e que até me atrevo a dizer que é quase um movimento desconhecido para os jovens dos dias de hoje. Sendo provavelmente apenas conhecido no seio cultural de três ou quatro famílias de todo o concelho de Gavião.
![]()
Esquerda para a direita, em pé: Ruy Ulrich, Hipólito Raposo, Luís de Almeida Braga e José Pequito Rebelo.
Sentados, da esquerda para a direita: António Sardinha, Vasco de Carvalho, Luís de Freitas Branco, Xavier Cordeiro e Alberto Monsaraz.
Este movimento CULTURAL e político, foi muito reactivo à questão do anticlericalismo da Primeira República. Indicava (que apesar de terem por base um ideário monárquico tradicionalista) que não pretendiam voltar à monarquia deposta, MAS que também não aceitavam a república recém-implantada, pois consideravam que a mesma nao era mais do que uma oligarquia partidária.
Meus caros leitores, e é aqui que eu dou razão a este movimento no que estudei dele, eles defendem um senado (tipo Assembleia da República) composto por representantes municipais e sindicais, ou seja, um senado feito de pessoas das "terras" e pessoas das "profissões", ou seja, o povo real, o povo que trabalha!
Em 1915, aquando da 1º Guerra Mundial reconheceram de imediato a importância da Aliança Luso-britânica, e clamaram pela mobilização dos portugueses contra a Alemanha, servindo eles próprios de exemplo na frente de batalha.
No entanto, este movimento teve um segundo grande papel ainda mais desconhecido, da população portuguesa, isto é, os seus ideais de nacionalismo por força moral tão elevada e a sua proposta de organização política da sociedade, transformou-os no movimento que mais influenciou a governação inicial de Oliveira Salazar!
Mas, e mais uma vez este movimento, deu a volta por cima, pois não quereria de modo algum ver os seus valores e ideias misturados com uma tipologia de governação baseada EM regime ditatorial, e dessa forma houve pequenas iniciativas de criar listas concorrentes ao regime de Salazar. Em Portalegre, José Pequito Rebelo, liderou a lista oponente à da União Nacional de Salazar.
"Este conceito de pessoa humana é afinal bem simples: equivale a dizer que os homens não são coisas, mas pessoas, íntegras na sua natureza, na qual se inclui o social, e portanto também o nacional. Dizer que um homem é parte da sociedade, e dizer que a pessoa é uma parte do grupo das pessoas, nada diminui o conceito de pessoa. O culto da personalidade que o integralismo acentuou em certa época, fê-lo como natural desenvolvimento da sua doutrina autoritária. Como já escrevi, deve ser o ponto de honra dos regimes da autoridade, resolverem o problema da liberdade; e o princípio da subsidiariedade manda que tudo o que a pessoa individual possa resolver por si, lhe fique atribuído."
Mais informação em
http://www.angelfire.com/pq/unica/il_1962_pr_integralismo_1962.htm
![]()
"Assim, no regime de constrangimento que oprime a vida do espírito em Portugal, aos homens de carácter independente oferece-se, por mais prático, o recurso do silêncio, pois é menos nocivo e degradante ficar mudo do que parecer gago ou asmático.
Todos hão de reconhecer que, contra a rede de intriga e solertes cuidados de beleguins, nenhum sacrifício, por mais alto e digno pela coragem e desinteresse, poderia ser agora frutuoso para lição e exemplo, pelo forçado desconhecimento que o envolveria e pela indiferença obtida com a inacção habitualmente imposta."
Mais informação em:
http://www.angelfire.com/pq/unica/il_hipolito_raposo.htm
![]()
![]()
![]()
Outro grande vulto Português é Mouzinho da Silveira, mas este pertenceu a outra época da história portuguesa.
Fica um artigo detalhado para uma próxima oportunidade.
![]()