Caros,
Eis para mim, o que mais me marcou nesta semana em termos de notícias: "o senhor do adeus" e "Governo de José Sócrates, uma máquina de Desemprego".
Excerto 1
Link http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior
No Saldanha, junto ao semáforo onde João Manuel Serra parava para acenar e sorrir, uma pequena multidão repetiu o gesto do adeus e até se pediu que fosse feita uma estátua
Durante uma década foi um adeus solitário que marcou o Saldanha, em Lisboa. Mas o que parecia ser um aceno simples e que passava despercebido afinal era mesmo uma das imagens da capital e "tocava" a maioria que por ali passava. Mais de 200 pessoas mostraram isso mesmo ao aparecer quinta-feira à noite junto ao semáforo em que o "Senhor do Adeus" cumprimentava quem passava. Repetiram durante duas horas o aceno que a morte de João Manuel Serra (aos 79 anos) fez desaparecer.
"É o mais bonito velório a que fui nos últimos anos e que, provavelmente, terei a oportunidade de ir nos próximos", confessou ao DN Rui Zink, uma das personalidades que acompanharam os inúmeros anónimos que quiseram homenagear o "Senhor do Adeus". O escritor nunca falou com João Manuel Serra, mas das tantas vezes que por ele passou apreciava o "acto poético": "Não sei com que espírito ele fazia isto. Fazia e ponto. O acto era bonito, era inofensivo, era poético. Digamos que ele era um louco simpático."
A jornalista Leonor Pinhão, a apresentadora Leonor Poeiras e o advogado Ricardo Sá Fernandes também estiveram presentes. Este último não conseguiu esconder a emoção e foi de lágrimas nos olhos que realçou a perda de um "ex libris de Lisboa".
Lágrimas que também Olinda Serrano não escondeu, pois via-o sempre enquanto vendia castanhas. Apesar de gostar do número de pessoas que surgiram para o "velório", já o aparato considerou não ser o que o "Senhor do Adeus" mais gostaria de assistir: "Ele não queria estes risos todos, ele queria um sorriso afável e natural."
Nem mesmo a polícia resistiu, com um agente da PSP a responder com um tímido aceno à homenagem.
Perto da estátua do duque de Saldanha, junto ao semáforo, foi ontem colocado um cartaz, com pessoas a acenar.
Para muitos lisboetas, a capital está mais pobre, e no Facebook podia ler-se que "perdeu um pouco da sua humanidade".
Excerto 2
Link http://tv1.rtp.pt/noticias
Desemprego atinge quase 610 mil pessoas em Portugal
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No terceiro trimestre de 2010, a taxa de desemprego chegou aos 10,9 por cento, depois de se ter situado, nos três meses anteriores, em 10,6. Face ao mesmo trimestre do ano passado, verifica-se um crescimento de 1,1 por cento. Quanto ao número de pessoas sem emprego, o INE avança com um total de 609,4 mil, que se traduz em aumentos de 11,3 por cento, por comparação com o trimestre homólogo de 2009, e de 3,3 por cento face aos meses de Abril, Maio e Junho.
Os dados do Instituto Nacional de Estatística revelam também um desequilíbrio de género: o aumento do número de mulheres desempregadas, em 48,1 mil, justificou 78 por cento da variação no desemprego global; o número de homens sem trabalho sofreu igualmente um acréscimo, mas “de uma forma menos expressiva”, num total de 13,6 mil.
Entre os homens, a taxa de desemprego foi de 9,6 por cento, o que representa um agravamento de meio ponto percentual face a igual período do ano passado. A taxa entre as mulheres chegou aos 12,4 por cento, mais 1,8 pontos percentuais. O agravamento trimestral incidiu, por ordem de grandeza, nas mulheres, pessoas dos 15 aos 34 anos e com mais de 45 anos e indivíduos com nível completo de escolaridade, em particular do sector dos serviços.
Relativamente à distribuição geográfica, as taxas mais elevadas pertencem às regiões Norte (13,2 por cento), Algarve (12,8 por cento), Alentejo (11,6 por cento) e Lisboa (11,3 por cento), enquanto que as cifras mais baixas se registam nos Açores (6,6 por cento), no Centro (7,4 por cento) e na Madeira (7,8 por cento).
“Problema social persiste”
Diante dos números do INE, o líder do grupo parlamentar do principal partido da Oposição constatou que, “muito para lá das décimas que num mês ou noutro crescem ou descem, o problema social persiste”. “É muito grave. Ultrapassa já os 600 mil desempregados”, assinalou Miguel Macedo.
O PSD, salientou o deputado, “tem insistido na necessidade de o Governo olhar para o tecido económico, para as empresas, e adoptar medidas que propiciem essa criação de emprego”. “Se não tivermos medidas activas nesse sentido, evidentemente vai ser muito mais difícil de forma consistente e de forma sustentada inverter esta trajectória de aumento do desemprego”, defendeu.
“À ausência de estratégia económica soma-se agora uma situação muito difícil de emergência financeira e de emergência orçamental”, reforçou Miguel Macedo, atribuindo a ascensão do número de desempregados às “más políticas que o Governo prosseguiu”.
“Ainda assim, nós entendemos que é possível, neste quadro muito difícil, o Governo prosseguir uma estratégia de incentivo à actividade económica e, pelo contrário, não entendemos alguns discursos que, infelizmente, têm persistido nos últimos tempos, que persistem numa desconfiança em relação aos agentes económicos. Nós, neste momento, temos de dar mais confiança aos agentes económicos, porque são eles que criam emprego”, concluiu.
“Fábrica de desemprego”
No flanco do CDS-PP, os dados do desemprego são lidos como um sinal da falência da política económica do Governo de José Sócrates. O líder parlamentar do partido de Paulo Portas descreveu-a mesmo como “uma fábrica de desemprego”.
“Nunca como hoje se justifica tanto o que o CDS tem vindo a dizer. A política económica do Governo é uma fábrica de desemprego”, reagiu Pedro Mota Soares, destacando, em seguida, o facto de o país ter visto o número de pessoas atingidas aumentar em 61 mil “no último ano”: “São 240 portugueses que, por dia, perdem o seu posto de trabalho”.
“Três quartos são mulheres. No Norte do país, o desemprego já atingiu os 30 por cento e o desemprego nos jovens já chega aos 23 por cento”, salientou ainda o dirigente democrata-cristão.
“Por isso mesmo esta política económica e fiscal do PS é uma política que está a prejudicar e muito as pequenas e médias empresas e, ao mesmo tempo, não está a apoiar quem quer trabalhar em Portugal”, reiterou.
“Números extremamente preocupantes”
À esquerda dos socialistas, cresce a convicção de que o futuro próximo será “ainda mais negro”. Foi essa a leitura deixada pelo deputado do Bloco de Esquerda Pedro Filipe Soares, para quem os números do Instituto Nacional de Estatística representam já “um primeiro reflexo das medidas de austeridade apresentadas em Junho passado”.
“Por isso, demonstram que foi um erro essas medidas, esse caminho que se seguiu. Este Orçamento do Estado é uma continuidade nesse caminho, que já se provou estar errado”, afirmou o deputado do Bloco, para depois fazer a antevisão de “um futuro ainda mais negro, resultado destas opções erradas do Governo que oneram e muito a vida dos portugueses, que resultam, na prática, num aumento do desemprego, particularmente do desemprego de longa duração”.
É também com preocupação que o PCP encara a evolução da taxa de desemprego. Trata-se, nas palavras do deputado comunista António Filipe, de “níveis de desemprego inéditos, quer os 10,9 por cento em sentido estrito, quer nos 13,7 de desemprego em sentido lato”: “São números recorde que estão já para além daquilo que o Governo prevê para o final do ano que vem”.
“O Governo previa que a taxa de desemprego pudesse atingir os 10,8 por cento no final do próximo ano. A taxa está já hoje nos 10,9 por cento”, frisou o deputado do PCP. “Se estas medidas do Orçamento do Estado ainda não se fizeram sentir e nós já estamos com níveis elevados de desemprego, estamos com uma enorme preocupação relativamente àquilo que possa vir a acontecer no próximo ano relativamente a este Orçamento”, advertiu.
Por seu turno, a deputada do Partido Ecologista "Os Verdes" Heloísa Apolónia afirmou que 2011 vai ser "um ano extraordinariamente difícil", considerando que a previsão de uma taxa de desemprego de 10,8 por cento "vai ficar muito abaixo" da realidade.
RESPOSTA DO GOVERNO
“Alguma volatilidade”
Para o Governo, o aumento do desemprego constatado pelo INE não obriga, “neste momento”, a uma revisão da meta traçada este ano. Isto porque “os dados do Instituto do Emprego e Formação Profissional mostram que houve uma queda das entradas no desemprego em Outubro”.
“A conclusão que tiramos, ao longo do ano, é que existe alguma volatilidade na forma como o desemprego evoluiu positiva e negativamente. É prematuro dizer que vamos rever as metas”, argumentou a ministra do Trabalho e da Solidariedade Social.
O país, insistiu Helena André, tem revelado “alterações um bocadinho atípicas, apesar de este aumento não ser diferente do que tem acontecido nos últimos anos no terceiro trimestre”. Em 2009, recordou ainda governante, “o aumento foi de 0,7 pontos percentuais”, ao passo que, neste ano, “foi de 0,3 pontos”.
“Não nos conforta, mas confirma aquilo que tem sido o comportamento um pouco volátil. E é por isso que não podemos tirar conclusões precipitadas sobre este terceiro trimestre, sobretudo porque temos outro comportamento atípico”, vincou a ministra do Trabalho, aludindo ao número de inscrições nos centros de emprego em Outubro: “A entrada no desemprego em Outubro, ao contrário do que aconteceu nos últimos 20 anos, reduziu-se, quando tipicamente aumentava”.
Helena André espera que uma recuperação económica “se possa reflectir mais cedo do que mais tarde no comportamento do mercado de trabalho”.
No terceiro trimestre de 2010, a taxa de desemprego chegou aos 10,9 por cento, depois de se ter situado, nos três meses anteriores, em 10,6. Face ao mesmo trimestre do ano passado, verifica-se um crescimento de 1,1 por cento. Quanto ao número de pessoas sem emprego, o INE avança com um total de 609,4 mil, que se traduz em aumentos de 11,3 por cento, por comparação com o trimestre homólogo de 2009, e de 3,3 por cento face aos meses de Abril, Maio e Junho.
Os dados do Instituto Nacional de Estatística revelam também um desequilíbrio de género: o aumento do número de mulheres desempregadas, em 48,1 mil, justificou 78 por cento da variação no desemprego global; o número de homens sem trabalho sofreu igualmente um acréscimo, mas “de uma forma menos expressiva”, num total de 13,6 mil.
Entre os homens, a taxa de desemprego foi de 9,6 por cento, o que representa um agravamento de meio ponto percentual face a igual período do ano passado. A taxa entre as mulheres chegou aos 12,4 por cento, mais 1,8 pontos percentuais. O agravamento trimestral incidiu, por ordem de grandeza, nas mulheres, pessoas dos 15 aos 34 anos e com mais de 45 anos e indivíduos com nível completo de escolaridade, em particular do sector dos serviços.
Relativamente à distribuição geográfica, as taxas mais elevadas pertencem às regiões Norte (13,2 por cento), Algarve (12,8 por cento), Alentejo (11,6 por cento) e Lisboa (11,3 por cento), enquanto que as cifras mais baixas se registam nos Açores (6,6 por cento), no Centro (7,4 por cento) e na Madeira (7,8 por cento).
“Problema social persiste”
Diante dos números do INE, o líder do grupo parlamentar do principal partido da Oposição constatou que, “muito para lá das décimas que num mês ou noutro crescem ou descem, o problema social persiste”. “É muito grave. Ultrapassa já os 600 mil desempregados”, assinalou Miguel Macedo.
O PSD, salientou o deputado, “tem insistido na necessidade de o Governo olhar para o tecido económico, para as empresas, e adoptar medidas que propiciem essa criação de emprego”. “Se não tivermos medidas activas nesse sentido, evidentemente vai ser muito mais difícil de forma consistente e de forma sustentada inverter esta trajectória de aumento do desemprego”, defendeu.
“À ausência de estratégia económica soma-se agora uma situação muito difícil de emergência financeira e de emergência orçamental”, reforçou Miguel Macedo, atribuindo a ascensão do número de desempregados às “más políticas que o Governo prosseguiu”.
“Ainda assim, nós entendemos que é possível, neste quadro muito difícil, o Governo prosseguir uma estratégia de incentivo à actividade económica e, pelo contrário, não entendemos alguns discursos que, infelizmente, têm persistido nos últimos tempos, que persistem numa desconfiança em relação aos agentes económicos. Nós, neste momento, temos de dar mais confiança aos agentes económicos, porque são eles que criam emprego”, concluiu.
“Fábrica de desemprego”
No flanco do CDS-PP, os dados do desemprego são lidos como um sinal da falência da política económica do Governo de José Sócrates. O líder parlamentar do partido de Paulo Portas descreveu-a mesmo como “uma fábrica de desemprego”.
“Nunca como hoje se justifica tanto o que o CDS tem vindo a dizer. A política económica do Governo é uma fábrica de desemprego”, reagiu Pedro Mota Soares, destacando, em seguida, o facto de o país ter visto o número de pessoas atingidas aumentar em 61 mil “no último ano”: “São 240 portugueses que, por dia, perdem o seu posto de trabalho”.
“Três quartos são mulheres. No Norte do país, o desemprego já atingiu os 30 por cento e o desemprego nos jovens já chega aos 23 por cento”, salientou ainda o dirigente democrata-cristão.
“Por isso mesmo esta política económica e fiscal do PS é uma política que está a prejudicar e muito as pequenas e médias empresas e, ao mesmo tempo, não está a apoiar quem quer trabalhar em Portugal”, reiterou.
“Números extremamente preocupantes”
À esquerda dos socialistas, cresce a convicção de que o futuro próximo será “ainda mais negro”. Foi essa a leitura deixada pelo deputado do Bloco de Esquerda Pedro Filipe Soares, para quem os números do Instituto Nacional de Estatística representam já “um primeiro reflexo das medidas de austeridade apresentadas em Junho passado”.
“Por isso, demonstram que foi um erro essas medidas, esse caminho que se seguiu. Este Orçamento do Estado é uma continuidade nesse caminho, que já se provou estar errado”, afirmou o deputado do Bloco, para depois fazer a antevisão de “um futuro ainda mais negro, resultado destas opções erradas do Governo que oneram e muito a vida dos portugueses, que resultam, na prática, num aumento do desemprego, particularmente do desemprego de longa duração”.
É também com preocupação que o PCP encara a evolução da taxa de desemprego. Trata-se, nas palavras do deputado comunista António Filipe, de “níveis de desemprego inéditos, quer os 10,9 por cento em sentido estrito, quer nos 13,7 de desemprego em sentido lato”: “São números recorde que estão já para além daquilo que o Governo prevê para o final do ano que vem”.
“O Governo previa que a taxa de desemprego pudesse atingir os 10,8 por cento no final do próximo ano. A taxa está já hoje nos 10,9 por cento”, frisou o deputado do PCP. “Se estas medidas do Orçamento do Estado ainda não se fizeram sentir e nós já estamos com níveis elevados de desemprego, estamos com uma enorme preocupação relativamente àquilo que possa vir a acontecer no próximo ano relativamente a este Orçamento”, advertiu.
Por seu turno, a deputada do Partido Ecologista "Os Verdes" Heloísa Apolónia afirmou que 2011 vai ser "um ano extraordinariamente difícil", considerando que a previsão de uma taxa de desemprego de 10,8 por cento "vai ficar muito abaixo" da realidade.
RESPOSTA DO GOVERNO
“Alguma volatilidade”
Para o Governo, o aumento do desemprego constatado pelo INE não obriga, “neste momento”, a uma revisão da meta traçada este ano. Isto porque “os dados do Instituto do Emprego e Formação Profissional mostram que houve uma queda das entradas no desemprego em Outubro”.
“A conclusão que tiramos, ao longo do ano, é que existe alguma volatilidade na forma como o desemprego evoluiu positiva e negativamente. É prematuro dizer que vamos rever as metas”, argumentou a ministra do Trabalho e da Solidariedade Social.
O país, insistiu Helena André, tem revelado “alterações um bocadinho atípicas, apesar de este aumento não ser diferente do que tem acontecido nos últimos anos no terceiro trimestre”. Em 2009, recordou ainda governante, “o aumento foi de 0,7 pontos percentuais”, ao passo que, neste ano, “foi de 0,3 pontos”.
“Não nos conforta, mas confirma aquilo que tem sido o comportamento um pouco volátil. E é por isso que não podemos tirar conclusões precipitadas sobre este terceiro trimestre, sobretudo porque temos outro comportamento atípico”, vincou a ministra do Trabalho, aludindo ao número de inscrições nos centros de emprego em Outubro: “A entrada no desemprego em Outubro, ao contrário do que aconteceu nos últimos 20 anos, reduziu-se, quando tipicamente aumentava”.
Helena André espera que uma recuperação económica “se possa reflectir mais cedo do que mais tarde no comportamento do mercado de trabalho”.